sábado, 19 de abril de 2014

Indicações para exame de polissonografia em crianças

 Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) tem importantes diferenças conceituais, etiológicos e de classificação dos eventos respiratórios em relação aos adultos.

A principal queixa dos pais é o ronco da criança, porém a diferenciação entre o ronco primário e a apneia obstrutiva do sono não pode ser feita apenas com dados de história clínica. Embora ambas situações apresentam sinais e sintomas de respiração bucal, apneia presenciada, esforço respiratório e ronco, mas não são dados suficientes para confirmar o diagnóstico de SAOS.

A presença de quadros sindrômicos, doença neurológica e obesidade são fatores a se ponderar para realização de exame de polissonografia (PSG).

A estimativa da gravidade da apneia é fator importante na prevenção de complicações pós-operatória na adenotonsilectomia (cirurgia de adenoide e amigdalas), e frequentemente os pais não desejam realizar a cirurgia, subestimando os sintomas apresentados pela criança.

Os valores de normalidade para polissonografia em crianças saudáveis de 1 a 15 anos de idade é de: IA = 1 evento/hora. com saturação de oxigênio maior 89% e o Pco2 ( pressão parcial de gás carbônico no sangue arterial) expiratório não pode ser superior a 45 mmHg por mais de 10% do tempo total do sono. Por exemplo: PCO2 maior que 45 mmHg significa que o paciente está hipoventilando.

O diagnóstico de apneia obstrutiva do sono em crianças é de suma importância, pois o não tratamemnto leva a dificuldades de aprendizado, dificuldade de memorização e diminuição no crescimento pondero-estatural. Em longo prazo aumento o risco de hipertensão e depressão.


Referência:
Projeto Diretrizes da Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina (junho 2012)




Quando é indicado fazer exame de polissonografia (PSG), em adultos


Recomendações:

Fatores predictivos obtivos a partir da anamnese e exame físico na primeira consulta ao médico ou dentista podem ser sugestivos da presença de apneia do sono, porém o diagnóstico da patologia com dados relativos a sua intensidade somente se fará pela monitorização do sono através do exame de polissonografia (PSG).

Dependendo dos parâmetros encontrados durante o exame de noite inteira haverá diferentes probalbilidades diagnósticas e de tratamento.

A presença de ronco frequente (6 noites por semana) associado com sonolência excessiva diurna tem sido relacionado ao diagnóstico de apneia do sono (SAOS)  com índice de eventos/hora maior de 15, ou seja, apneia moderada ou grave apresentando sensibilidade de 97 % (A sensibilidade é a fração dos que obtiveram resposta positiva no teste entre aqueles que possuem a doença).

Na presença de hipertensão arterial a correlação com apneia severa (mais de 30 eventos/hora) aumenta em 67 % comparando com pacientes com índice de apneia menor de 15 eventos/hora.

Outro estudo demonstrou correlação entre SAOS severa em pacientes com IMC maior de 30 kg/m2.

Em suma:

A PSG deve ser solicitada em pacientes com suspeita clínica de SAOS diante da presença de ronco associado ou não com sonolência excessiva diurna, aumento da circunferencia do pescoço, obesidade e hipertenção arterial.

Quais são as modalidades de monitoramento (PSG) e quando deve ser solicitado?

Existem 6 modalidades de monitoração do sono:

  1. Tipo I                - assitido em laboratório com mais de 7 canais de monitorização;
  2. Tipo portátil II - não assistida com mais de 7 canais de monitorização;
  3. Tipo portátil III - monitorização entre 4 a 7 canais;
  4. Tipo portátil IV - monitorização entre 1 ou 2 canasi, sendo um deles oximentria. 
  5. Polissonografia (PSG) para Titulação de Pressão Positiva na via aérea (PAP)
  6. Polissonografia (PSG) Split-night







  • PSG -  Tipo I: "gold Standart (padrão ouro)



Inclui 7 canais como: - eletroencefalograma, eletromiograma (mento e tíbia), eletrooculograma, fluxo aéreo, esforço respiratório, saturação de oxigênio no sangue, eletrocardiograma, posição corporal e ronco. É realizada em laboratório assistida por um técnico com mínimo de 6 hs de monitorização e os dados interpretados por médico habilitado para emissão do laudo.

Esta tipo de exame também pode ser realizado com equipamento portátil, ou seja, para realizar o exame em casa, e normalmente de forma não assistida por técnico. Uma grande limitação é a perda de canais de monitorização pela falha ou soltura dos sensores, estimada entre 4 a 33 % e grande variabilidade de equipamento e tenologias envolvidas.


  • Monitorização Portátil Tipo II (MPS II)


Contempla os 7 canais acima citados, mas com a limitação na ausência do deslocamento por técnico até a residência do paciente tanto para montagem como para recolhimento no dia seguinte. Estima-se uma sensibilidade de 70% e especificidade de 91% (A especificidade é a fração dos que obtiveram resposta negativa no teste entre aqueles que não possuem a doença:)


  • Monitorização Portátil Tipo III (cardiorespiratória)


Capta entre 4 a 7 canais incluindo saturação do oxigênio no sangue, fluxo aéreo, esforço respiratório e frequência cardíaca. Não avalia as fases do sono.


  • Monitorização Portátil Tipo IV


Capta  1 a 2 canais sendo um deles obrigatoriamente a oximetria. Não avalia as fases do sono e não diferencia os tipos de apneia, mas evidencia as dessaturações.


  • PSG para titulação de pressão positiva na via aérea (PAP)

Significa o retorno do paciente para novo exame de monitorização do sono assistida por técnico em laboratório. Está indicado para pacientes com resultados de SAOS, principalmente moderado e grave para obtenção do parâmetro de eliminação dos eventos respiratórios, ou seja, observar o valor que elimina as paradas respiratórias. Sempre seguindo o protocolo entre a gradual elevação da pressão associada à colocação das interfaces adequadas (máscaras)

  • Monitorização Split-Night

Utiliza-se a 1ª metade da noite para diagnóstico e a 2ª metade para titulação do PAP ou AIO (aparelho intra-oral para apneia). Esta modalidade não permite o exato diagnóstico do paciente, pois interrompe esta avaliação na metade da noite e tenta encontrar a pressão adequada para o tratamento em apenas em uma metade da noite. Utilizado apenas em casos especiais.

Referência: 
Projeto Diretrizes da Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina (jun 2012)


postado por Dra Dilana Oppitz Kochenborger - CRO 4816
Certificada em Odontologia na Medicina do Sono pela Associação Brasileira de Medicina do Sono e COABS - Conselho de Odontologia da Associação Brasileira do Sono)




sexta-feira, 18 de abril de 2014

Importância dos questionários para diagnóstico da Apneia do Sono

As queixas mais comuns nos indivíduos adultos com apneia do sono são:
  • presença de ronco testemunhado
  • sufocamento noturno
  • sonolência excessiva diurna
  • sono não reparador
  •  fadiga e alterações cognitivas (aprendizado, concentração e memória)

Outros parâmetros clínicos são descritos como:
  • aumento de peso corporal
  • envelhecimento
  • cefaleia matinal
  • associação com parâmetros clínicos (hipertensão arterial sistêmica, síndrome metabólica, etc.)



Na criança com Distúrbios Respiratórios do Sono, os sintomas associados para a suspeita de Apneia do sono é:
  • presença de ronco alto e frequente
  • presença de hipertrofia de adenoides e amigdalas
  • respiradores bucais
  • sonolência excessiva diurna
  • hiperatividade
  • distúrbio de aprendizado, déficit de atenção
  • sonambulismo
  • sonilóquio (falar enquanto dorme)

Por exemplo: a combinação dos sintomas de ronco com distúrbio de aprendizado tem alta especificidade (97%) para presença de apneia do sono.

Questionários específicos são realizados durante a primeira consulta como:
  • Questionário de Berlim ou Epworth para avaliar o grau de sonolência diurna
  •  Valor do IMC (peso corporal)
  • Conforme resultado, confirmar suspeitas com exame de polissonografia de noite inteira.

Referência: Apneia obstrutiva do Sono e Ronco Primário: Diagnóstico - 11 de junho de 2012
Elaborado pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-facial; Academia Brasileira de Neurologia; Sociedade Brasileira de Cardiologia; Sociedade Brasileira de Pediatria; Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia

Dra. Dilana Oppitz Kochenborger - CRO 4816
Certificada pela Associação Brasileira de Medicina do Sono  em Odontologia na Medicina do Sono